sexta-feira, 13 de junho de 2008

de 82

Acabei de assistir mais uma vez o filme O que é isso companheiro? Sempre fico inflamada por um sentimento de desconforto quando assisto a filmes como este, não só filmes, mas fotos, textos, um desconforto chumbado por uma ânsia e mal estar, sei que não pertenci àquele tempo, antes tivesse pertencido, creio que estaria morta ou seriamente comprometida com toda uma geração que lutou por mim, pra que hoje eu possa sentar-me aqui e escrever sobre o que eu penso, tantos mortos, tantos torturados, tudo por um ideal de liberdade que hoje quase ninguém usa, até porque já nascemos libertos, lutou-se tanto por direito a liberdade de expressão e hoje ninguém se expressa, parece até que custa muito pensar, ter opiniões, questionar o governo pra quê? Li numa entrevista intitulada "As Filhas de 68" uma frase muito significativa pra mim, Nina Morena, filha de Gil, disse "as moças da minha idade ganharam a liberdade de presente de suas mães e avós" concordo com ela, ganhamos essa liberdade e enfiamos numa gaveta qualquer, e ela fica ali, enquanto meninas e meninos gastam seus dias passando lápis olhos e jogando suas franjas nos olhos, cada vez mais calados, ouvidos moucos, todos surdos, desinteressados, não sei, talvez todos estejam surdos, como cantava Roberto Carlos.
Revolucionários-reacionários, eu procuro apenas pelo bem estar e que meus olhos chumbados pelo cansaço dos tempos atuais não sejam fracos e apenas mais dois faróis apagados, mais uma pessoa perdidade e voluntariamente cega. Sinto que é tão difícil ser mulher sem ser objeto, ser uma cabeça pensante e ter alguém que queira ouvir o que se tem a dizer, eu estou aqui e quero muito ouvir e falar, o que incomoda é que cada vez mais, juventude é sinônimo de vazio.
mas sempre há excessões.

amém.

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